Quem não vive debaixo de uma pedra tem acompanhado a campanha eleitoral para a presidência do Brasil nas redes sociais e nos meios de comunicação social e, por isso, sabe que o Brasil corre o sério risco de eleger Bolsonaro (PSL) na segunda volta, caso este passe com Haddad (PT).
A coisa está de tal forma polarizada no Brasil, desde o impeachment de Dilma, que os outros candidatos, entre eles Ciro Gomes, Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Lima, quase desapareceram do debate político em nome das hashtags #Elenão e #Elesim.
Bolsonaro é um ex-militar que defende crimes contra a Humanidade. Haddad é PT, o candidato do Ex-presidente preso por crimes de corrupção, entre outros.
Aquando da eleição de Trump, e indo um pouco além da histeria coletiva, perguntei-me, como já me havia perguntado aquando dos movimentos de candidatos de extrema-direita e de extrema-esquerda às eleições europeias, bem antes de Trump ganhar as eleições nos EUA, o que leva um povo a votar num líder extremista. Principalmente tendo em conta a História recente da Europa e não só, haja em vista o extremismo que se vê, e se viu, também na América Latina e na China.
Mas ninguém quer saber as causas de fundo
Por implicar uma reforma inteira do sistema. Por acabar com a neurose de poder.
Ninguém está preocupado em tentar perceber o que as pessoas querem, precisam, sentem, quando se arriscam a votar num extremista.
E a ignorar tudo quanto não é do seu agrado, que vai contra os valores mais básicos de um ser humano. Sendo extremista, acusando uns e outros exatamente do que dizem ser contra. Em nome de uma suposta ideologia.
O mesmo povo que elegeu Trump, elegeu Obama. O mesmo povo que elegeu Lula da Silva, está prestes a eleger Bolsonaro. É o mesmo povo.
Bolsonaro representa o arquétipo paterno na sua polarização negativa: ordem, autoritarismo, militarismo. Já vimos o resultado, o nazismo é a maior ferida da Europa e começou assim. Haddad, a polarização do arquétipo materno, proteção, desresponsabilização, dependência. Resultado que também conhecemos. A ex-URSS é dele o maior exemplo. Até hoje, os países que a compunham estão a recuperar de 50 anos de ditadura comunista-socialista. E não consta que tenham sido felizes.
Por isso, nenhum dos extremos serve ao Brasil.
O primeiro, porque lhe falta humanização. O segundo, porque pretende continuar a manter um povo dependente do Estado, sem alternativa à autonomia individual, à capacidade de decidir pela sua cabeça o que quer, à verdadeira liberdade. A co-dependência, que interessa sempre, por manter um povo inteiro refém. Nomeadamente o do Nordeste.
Bolsa presidio não é solução para família alguma
Do que o Brasil precisa é de educação. Uma educação que garanta aos pais de milhões de crianças a possibilidade de irem trabalhar e ficar sossegados porque os seus filhos estão na escola. E não sem vigilância, à mercê do tráfico, arriscando uma vida de crime, deixando a própria sobrevivência no fio da navalha.
Do que o Brasil precisa é de segurança. Do combate ao crime e à corrupção, sem mais crime.
Crime é crime, independentemente da ideologia. Terrorismo é terrorismo, independentemente da causa.
Do que o Brasil precisa é de uma polícia séria, responsável, de confiança, que não fique refém dos traficantes porque precisa de alimentar uma família.
Lamentavelmente, nenhum dos candidatos oferece alternativas viáveis. E o mal menor não é solução. Para não falar na tristeza que é o voto com base no medo. Que não representa livre escolha, mas sim manipulação.
O Brasil vive uma guerra civil. Com a população a incitar ao ódio, num discurso de acusações mútuas e cegueira ideológica. E é uma pena…
Vamos ver o que acontece a 7 de outubro próximo. O mundo está de olhos postos no Brasil, e a torcer por ele… E pela democracia.
No mais, recomendamos terapia, autoconhecimento, para aprendermos a lidar com os opostos em nós, em vez de os projetarmos nos outros, arriscando a própria vida.