Na grande maioria das vezes não nos apercebemos, sentindo apenas que a coisa não nos cai bem,. Não queremos responder na mesma moeda, porque isso nos causa desconforto, não achamos certo, dói-nos que aquela pessoa que achamos que gosta de nós nos trate de uma forma que não merecemos, sem amor, cuidado, carinho, a base de todas as relações afetivas. No entanto, não responder também nos deixa mal. Quando nos cansamos dessa atitude, repetida uma e outra vez pela mesma pessoa, e nos afastamos, por falta de solução melhor, o que estamos na verdade a fazer é a tentar recuperar o nosso poder pessoal. Com ele totalmente recuperado, ou seja, com a nossa individuação bem resolvida, o outro [e todos, absolutamente todos os outros, o padrão já se quebrou] pode berrar o que quiser que nós somos perfeitamente capazes de lhe responder, de uma forma civilizada, de uma forma que não o agrida, mas que faça com que nos respeite na nossa individualidade*. Caso isso não aconteça, normalmente acontece, ele não espera uma reação tranquila e equilibrada, problema do outro. É sinal que essa era uma relação de poder, nós não queremos mais isso e o outro não está preparado para encarar o nosso novo eu. Está tudo certo em virar as costas e darmo-nos ao direito de sermos felizes, sem guerra, sem culpa, sem martírio mental. Deixando espaço ao outro, um adulto como nós, para que continue nessa infelicidade absurda e sem sentido ou faça alguma coisa por si, já que nós não conseguimos fazer nada por ninguém que não queira verdadeiramente melhorar de vida. Que acha certo e normal desatar aos berros por tudo e por nada. E a única vida que temos obrigação de melhorar é a nossa, só a nossa…
**Comportamento de vítima, não vítima de facto, que as há, nomeadamente as de conduta criminosa…
Caramba. Revi-me tanto neste texto que fiquei impressionada.
Obrigada por isto.
you're so very welcome