A pena ser mais poderosa do que a espada bem podia ser uma ode aos gregos, sendo a pena a razão e a espada a força bruta. A pena pouparia as vidas que a espada ceifa, não fosse a fúria, inerente ao uso da espada, um sinal psíquico de vida, ainda que não vivida.
Mas soberana, ainda assim.
Todas as vezes que passo no paredão e vejo aquelas pedras imensas serem invadidas por plantas de toda a sorte, mais verdes do que nunca, que não só subsistem como vingam e despontam frondosas no meio das rochas, lembro-me de uma frase que adoro: the pen is mightier than the sword – imortalizada por um autor britânico, implicando que a comunicação, nomeadamente por escrito, é mais poderosa do que a força bruta e a violência – e das raízes das árvores, que levantam as pedras da calçada e rompem o alcatrão do Ibirapuera, mostrando que a vida é soberana.
Que não depende da ação do homem e a ele sobreviverá.
Tal como sobreviverá à ideologia, à prepotência, à megalomania, ao poder, à força bruta, à imposição de vontades, ao controlo. Mesmo que disfarçados de tolerância, inclusão, proteção.
Ao contrário das leis dos homens, que privilegiam o poder e o controlo, a natureza tem essa vantagem, as leis naturais prevêem e privilegiam a vida.
Tudo o que é preciso para que a vida prevaleça, subsiste, vinga, prolifera. Sem precisar de qualquer tipo de intervenção. Já cá estava antes de nós e depois de nós há de continuar.
A pena é mais poderosa do que a espada
Mesmo que a imprensa possa não ser livre, afinal, mesmo que se queimem livros. Tente apagar-se a História. Se ignore o tempo, a infantilidade e a maturidade. Os inícios e os fins. Mesmo que os ciclos sejam eternos.
Mesmo que se queiram substituir livros por séries. Conhecimento e informação por propaganda.
A palavra é a última a morrer e a vida é sempre, sempre soberana.