Tal como previa, li A Vida por Escrito num sopro. No fim-de-semana em que o comprei.
E, de todos os livros sobre escrever que me ocupam, num quadrado de estante, duas fieiras de manuais sobre o métier, excluindo os de cinema, que estão noutro, este é, de longe, o melhor e mais completo.
Bem escrito, como não?
Com histórias de pessoas que sabemos que existem de verdade. Exemplos reais, sobre o processo. O que é raro. O processo fica, com frequência, demasiado intelectualizado, nos livros sobre escrever.
Castro é a antítese disso.
Sem paternalismos nem desvios, Ruy Castro não está aqui para falar da indústria, da venda, da publicidade. Nem para dar lições de moral. Sequer com choros ou falsas modéstias. Está, isso sim, para falar sobre a nobre arte de escrever.
Nomeadamente, Biografias, o que faz de melhor.
Por isso, o título de melhor biógrafo em língua portuguesa faz-lhe jus. Tenho três das suas biografias e li uma quarta. É absolutamente brilhante.
Apenas biografa gente morta, século 20, anos 20-70, no Rio.
Explica o motivo e tantos outros, bem como dá dicas de trabalho preciosas. Ficamos com a sensação de que nada nos escondeu.
Fartei-me de aprender.
Apesar de cascar de forma cruel no Gay Talese e menosprezar ícones do New Journalism. Mas, lá está, tem autoridade moral, por ter conhecimentos práticos e teóricos sobre o tema.
PS: No outro dia, fiz uma lista de livrarias de Lisboa. Agora, queria apontar para uma delas, que não seja uma grande, cheia de lojas pelo país inteiro. No entanto, e apesar das minhas boas intenções, nenhuma das que pesquisei tinha o livro. Já a Bertrand, salva-nos sempre. Não só é portuguesa como não se transformou num supermercado de gadgets e cenas, como a Fnac. E os livros dão desconto direto no IRS, se a fatura for emitida pela Bertrand. Por outro lado, na Fnac, temos de validar.