Sofrer em silêncio é que é d’Homem, ou de Mulher…
Fácil é desabafar, esperar que o outro nos passe a mão na cabeça e diga que vai passar. Esperar que o outro nos resolva o problema que acha que temos, atirar com as coisas para as costas de outrem e esperar que nos convença do que nós mesmos duvidamos.
Difícil é aguentarmo-nos à bronca sozinhos, em silêncio, abafando os soluços, as fungadelas, escondendo os olhos vermelhos, no silêncio de uma casa vazia.
Difícil é aguentar a dor sozinho, assim como assim, ninguém quer saber.
Ter vontade de correr pro colo de alguém todos temos, no não correr é que está a coragem. No ficarmos quietos, na escuridão, entregues aos bichos que nos devoram a esperança, o alento, a coragem e as nossas mais profundas crenças.
Não é uma questão de auto-suficiência, é ter a certeza de que lidar com os monstros é tarefa nossa, de mais ninguém. É ter a certeza de que desta vez não os chutaremos pra canto, não os vamos empurrar com a barriga. É ter a convicção profunda de que estamos entre a espada e a parede* e de que não vale correr para o lado. É ir em frente, bater com a cabeça no muro ou encarar a ponta da espada.
E verificar que é daquelas de brincar, que encolhe quando espetada na nossa barriga.