
Por outro lado, a roupa demasiado larga também não nos favorece, esconde-nos as formas, como se nos sentíssemos culpados pelo que a natureza nos deu. É ajustá-la até que nos sirva como se tivesse sido feita por medida, a nossa medida, que é única.
O mesmo serve para os sapatos, jamais usá-los quando não nos servem como se fossem uma extensão dos nossos pés, é pôr-lhes umas palmilhas, no caso de terem alargado, ou comprar uns novos, caso nos comecem a apertar, antes mesmo de nos ferirem. As feridas nos pés impedem-nos de andar, caminhamos com demasiado cuidado, com medo que a bolha rebente. O melhor mesmo é comprar uns novos, com os quais consigamos andar sem nos desequilibrarmos, sem que nos acabem com os gémeos ou com os rins, muito menos que nos dêem cabo dos calcanhares, dos dedos ou das unhas, onde os nossos pés caibam à vontade.
Já para não falar na sensação de desconforto que todo esse encolhimento provoca, todo o nosso corpo reage, como que num instinto de sobrevivência, obrigando-nos a parar, a olhar para ele com olhos de ver até descobrirmos que parte de nós está a precisar de um cuidado especial. Além disso, as mazelas demoram a curar, dão uma trabalheira, gastamos um dinheirão em consultas para saber qual a causa, outro tanto em medicamentos para acabar com o sintoma, perdemos um tempo infinito a fazer curativos em cima de curativos, levamos semanas e semanas, meses e meses, às vezes anos, até conseguirmos curar a ferida. Quando achamos que está curada, voltamos a calçar os mesmos sapatos, a dor é maior ainda, a crosta cai, tudo aberto de novo, a dor é excruciante, o curativo terá de ser a dobrar, vai levar ainda mais tempo para sarar.
A última coisa que queremos, e de que precisamos, é não nos sentirmos confortáveis para caminhar, é sentirmo-nos mal na nossa pele.
Grande alegoria. Muito bom!
Beijo grande, sem alegoria nenhuma :-)
;) outro igualmente grande, sem qualquer tipo de alegoria ;)