Dark Shadows

Para não me parecer tanto com um leprospo, pus base. Não sabia se estava boa, não a usava há muito tempo, ainda é de Lisboa, de uma das vezes que lá fui, acho que vai ser mais uma que vou deixar a meio, por não ter acertado na cor. Fiquei a parecer-me com o Johnny Depp, no Dark Shadows, a base ‘tá boa. Tirei metade, pus blush, tirei um bocado e pus creme. Tudo ao contrário, eu sei. Mal disfarçado ar de leproso. No entanto, as minhas sobrancelhas estão lindas, up, pálpebra limpa e olhar levantado, não fosse pelas duas rugas, que não existem, é a pele, do meu olho esquerdo, que ‘tá velha e não há meio de cair. ‘Tá nojento. O foficho a quem pertencem as minhas sobrancelha para sempre deu um jeito de não ficar tudo numa vermelhidão. Disse-lhe que se não fosse pela pomada anestésica, para além de xingar a mãe dele e a ele, não me iria conseguir segurar na cadeira. Mas não adiantou de grande coisa, apesar do canto esquerdo do olho estar lisinho e a sobrancelha perfeita. A C diz que as pessoas pagam para fazer o que eu fiz. Aciclovir na cara toda, há genérico, baratíssimo. o resto da pele está liso também, quase um bebé.  

Não sabendo da minha condição, o gajo da padoca serve-me capucinos com desenhos de corações cheios a canela. Ou então ‘tá como eu, coitado.

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Os dois pares de óculos escuros que uso são azuis, os meus preferidos, adoro lentes azuis, os primeiros foram Chanel e eram lindos. Curtia ter uns destes. Invisto dinheiro sério em óculos escuros, acho que é o único acessório em que gasto um dinheiro nervoso. Velhos hábitos de utilizadora de lentes de contacto.  Só lentes escuras decentes, as outras davam-me dor de cabeça. E as melhores do mundo nem são as mais caras, as Ray Ban.