Talvez o que todos procuremos seja uma ligação, uma conexão verdadeira, de alma. Talvez seja disso que todos sintamos falta, de alguém que nos entenda em todos os momentos e não se agarre a nenhum, não nos use para expiar a neurose, não nos castre a nossa liberdade de sermos quem quisermos. Pelo contrário, nos apoie nos piores momentos e celebre connosco os melhores, de coração. Gente que nos entenda além do intelecto, do mundo comum, do coletivo. Gente que nos veja, de verdade. Talvez seja por isso que nos sujeitamos a tanta violência, a tanto descaso, a tanta violação. Arranjamos uma série de conceitos e definições para identificarmos comportamentos abusivos de gente que está ainda mais perdida do que nós para que possamos fugir deles com toda a força que nos restar nas pernas, porque nos fazem mal, nos empurram para o abismo, que também é nosso, mas cujo caminho não escolhemos, por termos decidido ir noutra direção, sabendo que à alma não se chega se nos distrairmos com qualquer manobra, qualquer aceno, qualquer doce, qualquer cenoura pendurada à frente do nosso nariz, como se faz aos burros.