Hesse

14/04/2023

Siddhartha foi o primeiro livro que li de Hermann Hesse. E apaixonei-me perdidamente. O segundo, O Lobo das Estepes.

Um tratado de psicologia.

Foi nesse momento que assumi que Hermann Hesse ganhava a vida como psicólogo. Ao ponto de dizer que o meu primeiro contacto com a Psicologia veio da literatura, de Hermann Hesse, mais precisamente. Portanto, nunca me ocorreu confirmar, dada a profundidade do texto de: O Lobo das Estepes.

E da grande maioria das suas obras.

Todas têm um viés psicológico tão preciso que, quanto mais não seja por contágio, Hesse é da mesma região de Jung, a psicologia está presente na vida de Hesse desde muito cedo. Intuitivamente, pela via do existencialismo.

Como está na minha, curiosamente…

Depois, a cada vez que ia ao King, descia até à livraria e comprava os que não tivesse. Hoje em dia, cada vez se veem menos…

No entanto, só agora, ontem, mais precisamente, ao ler a sua mais recente Biografia, brilhante, por sinal, embora custe a entrar, percebi que talvez não tenha sido. Quando cheguei ao momento dos seus 30 anos, casado e pai de filhos, dei-me conta de que, se era para estudar Psicologia, já deveria ter começado e acabado…

Claro que, num rápida pesquisa na internet, descobri que andei iludida a vida inteira.

Hermann Hesse foi poeta, escritor e pintor.

Mas não psicólogo.

Apesar de ter um dream diary of psychoanalysis, da busca individual pelo autoconhecimento e a espiritualidade e fazer psicanálise. Com Josef Bernhard Lang, que frequentava o ciclo de terapeutas à volta de Jung. E era especialista em sonhos.

Contudo, Hesse superou o mestre, como todo o bom Herói.

Junguiano até ao tutano

Pode parecer estranho que, sendo o meu escritor preferido, não soubesse de toda a sua vida. Acontece que toda a sua vida não me interessava. Interessava-me, isso sim, a obra, não o homem. Já que, não raras vezes, o criador é infinitamente menor do que a criatura.

Hermann Hesse é mais um que confirma a regra. 

E talvez passasse bem sem sabê-lo. Devia ser um pesadelo viver com ele. Já a obra, não me faz mal algum, pelo contrário.

O gosto pelas biografias veio uns anos valentes mais tarde. E, nesse caso, não poderia deixar de ler a sua.

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