Sinopse:
O vidro fumê dos carros torna a cidade ainda mais escura, o ambiente lá fora é cinzento, como o céu, amanhã vai garoar. No sonho, eu, a Luisa, o André, um amigo dela, o Vasco, meu amigo de 20 anos, damos passos enormes no ar, sorridentes, apesar do cinzento que nos envolve, em direção à liberdade. Misturo dois sonhos o desse dia com um recorrente, em que dou uma volta maior mas chego lá, onde tudo é cinzento e os únicos grafitis coloridos são os dos túneis, pelos quais quase sou engolida, durante a volta maior que tenho de dar. Talvez influenciada por um filme em que uma miúda se expressava através de grafiti, e de o laranja dominante ainda não me ter saído da memória, neste sonho novo, há um momento em que um grafiti laranja irrompe das entranhas cinzentas das paredes, roncando: há um lado direito do cérebro a nutrir!
Testemunhos:
Visceral. Magnífico. Palavras não cabem para defini-lo. É um texto de autor (a) maduro, pronto para publicação em livro, principalmente por conta do movimento de (re) descoberta do Brasil pelos portugueses. Assim, é um tema de abrangência, para publicação aqui e acolá, certamente fadado ao sucesso pela linguagem moderna, acelerada, típica dos tempos da internet, mas com o devido fundamento teórico, estético e conteudístico. Esta versão final é infinitamente superior à primeira versão apresentada na primeira orientação. Essa primeira conversa ajudou a autora a editar o texto com maestria e, digamos, um certo distanciamento. Isso levou à exclusão de trechos importantes na trajetória pessoal, mas desnecessários para a compreensão de seu futuro público leitor. Também ajudou a discussão sobre os hemisférios cerebrais e como transportar isso graficamente para o texto, de forma não verbal, com o intuito de estabelecer a necessária comparação com aquilo que é racional e o que é criativo, novo, descoberta, na vida da autora-personagem. Em termos de carpintaria, a autora revela toda a sua maturidade intelectual ao transpor trechos de suas leituras na marcação das diferentes etapas de sua trajetória. Todas essas citações, de Campbell a Hillman, são extremamente pertinentes e emprestam à essa narrativa jornalístico-literária um tom de obra Cult, não no sentido pedante no termo, mas no de vivência, de história e cultura pessoal. Como se percebe pelas anotações há pouquíssimos erros, alguns mais de digitação do que outra coisa, e alguns poucos de transposição de costumes lingüísticos do português de Portugal para o português do Brasil. Foram sugeridas as correções, aqui, em virtude de eventual publicação por editora nacional. Em termos de domínio das técnicas do JL, vale citar alguns trechos memoráveis, como a metáfora das aletrias, que é um achado fantástico para a tempestade de pensamentos que a dominava no período. Além do efeito estético da metáfora, o conteúdo ali aflorado é um primor em termos de psicologia. Uma vez publicado, certamente será um trecho a ser largamente debatido e reproduzido em outros trabalhos jornalísticos, acadêmicos e científicos. Também merece destaque e certamente a mesma projeção o trecho que mostra o embate entre Ego e Self, uma construção primorosa e bem discutida no íntimo da personagem-autora. Apesar da extensão do texto, quase cinco vezes maior do que o limite do TCC (a extrapolação foi aceita pelo orientador) , temos aqui um Ensaio Pessoal que deve servir de exemplo para tantos quantos queiram se aventurar por esse desafiante e transformador gênero do Jornalismo Literário. Nota: 10,0 (com distinção e louvor). Celso Falaschi
Recebi e li de imediato. Foi uma leitura rápida e sôfrega que deixou uma impressão de Pessoa (Álvaro de Campos) e de A. Lobo Antunes. De qualquer modo parece-me tratar-se de um excelente exercício de auto análise. É, porém o resultado duma leitura apressada que me deixou um pouco atordoado. Vou fazer uma leitura mais atenta para uma melhor ponderação. De todo o modo, parabéns. Saudades e beijos. Manuel Soares
Não tenho palavras. Amei tudo. A construção da prosa, o encaixe das frases “soltas”, os textos escolhidos, os alinhamentos, os hemisférios, a linguagem profunda e humorada, que torna a mais dolorosa dor na mais leve experiência…. Amei. Não sei explicar. Amei. Há coisas que não se explicam, mas que se sentem das entranhas. Marta Ramalho
Boa, mulher corajosa. Está lá todinha, sem tirar nem pôr. Que trabalheira! Espero que consigas publicar, há descrições muito, muito bem escritas. Parabéns! Isabel Zambujal
Quanto ao “fora da caixa”, assim, de repente tenho digo que tens uma bela vida ! Eu segui o standard e consegues suscitar-me inveja pela coragem que tens em ter fugido dos rebanhos. Adoro a coragem que tens em aproveitar a vida, e consegues transmitir que isto passa num instante e se não aproveitarmos ou tentarmos perceber o que andamos cá a fazer, isto acaba por ser uma perda de tempo. Admiro a tua CORAGEM ! Francisco
Fiquei encantado. Lê-se maravilhosamente e nem sequer notas na quantidade de informação que ali apresentas. No sentido de que entendo várias analogias com a jornada do herói que tanto falas, de uma forma muito simples, deixando de lado a parte mais académica e talvez mais difícil de assimilar. De um modo muito inteligente, através da tua história (a tua ida para o Brasil e relação com os que ficaram cá e em última análise, Portugal). Senti-me no dever de escutar as músicas que referes e não consegui ficar insensível, fiquei mesmo comovido, ao teu querido João que tantas cartas recebeu sem ainda sequer saber ler.
Breve breve irei à Amazon, buscar os outros. Bruno Coelho