Está na moda dizer mal das memórias, que são viver no e do passado. Contra mim falo, que já o disse.
Tal como vi numa daquelas séries veículo de propaganda à descarada, que, lamentavelmente, adoro, chamada Younger.
No entanto, as memórias são também um garante de sanidade. Bem como de segurança.
Um repositório da nossa existência.
Negar memórias é uma medida totalitária. Para que possam controlar a narrativa.
Sem as quais é possível…
As físicas são as maiores tira-teimas. Como demonstrou o JMT, esta semana, no Governo Sombra.
E fiquei feliz de saber que não sou só eu quem faz das memórias de infância lugares felizes.
Ao melhor estilo Verão Azul.
Pois uma amiga, mãe de filhos, com, portanto, algo por que aspirar, tipo netos, recordou, com testemunhas, tempos felizes, dela e dos seus filhos, agraciados com essa possibilidade.
Que, hoje em dia, não é para todos.
De resto, já muito escrevi sobre memórias. E, sim, há o perigo sempre iminente de vivermos delas, numa fantasia, numa ilusão. No ressentimento, na crença de, por vezes, falsas memórias. Que nos afetam as escolhas que fizemos lá atrás e, por conseguinte, o presente.
Já não estamos mais para isso.
Tal como em todas as escolhas, as memórias também são momentos, acontecimentos, paixões, casamentos. Que, por sua vez, dão um rumo oposto ao do errante, do viajante, do seeker.
Por outro lado, documentam a nossa história pessoal, que é sempre um garante de permanência, uma confirmação de existência, até.
O grande perigo é escorregar das memórias para o lamaçal da saudade.
Isso é o diabo…