Até ontem, Modern Love era apenas a minha música preferida do David Bowie. Agora, Modern Love também é o nome de uma série fabulosa, baseada na coluna semanal com o mesmo nome, assinada por John Carney e publicada no New York Times.
Tem duas temporadas, com episódios independentes, cada um com a sua história, protagonistas e atores.
Vi a primeira temporada de seguida.
E só não fiz o mesmo com a segunda, porque tinha de ir dormir. Ao ponto de a Amazon me perguntar: ainda está a ver? Li qualquer coisa do tipo: ainda está vivo?
Uma série que me encheu de esperança.
Numa narrativa de fazer inveja a qualquer amante do jornalismo literário, John Carney descreve, mais do que o amor, o humanismo. Com personagens com defeitos, doenças e traumas. Sem qualquer tipo de julgamento, como é apanágio da nobre arte do jornalismo literário. Muito menos de exploração de fraquezas, vulnerabilidade, doenças ou idades. Nada de desculpabilização, paternalismo, justificação. Apenas constatação. E o amor como pano de fundo. Força motriz.
Que o amor modernos seja assim, na tempestade e na bonança.
Mais até do que o amor, esta série fala de alma. É de onde todos partem, ou até onde todos chegam. No fim das suas histórias.
De brinde, gajos giros e sotaque britânico e irlandês.
De resto, se dúvidas houvesse, ficaram dissipadas. Anne Hathaway é uma atriz de mão cheia, capaz de representar qualquer papel, primorosa. E linda. Está entre as minhas atrizes preferidas neste momento.
Modern Love, a não perder, na Amazon prime.
A luta interna é entre a voracidade e a tentativa infrutífera de ver devagar, assimilar as histórias, os personagens, a narrativa, o que é dito e não dito. Deixar que se me entranhem na pela, se me fixem nos ossos.
Acho que ganha a voracidade, é incontrolável…
Por ser o meu tipo de série, o meu tema de vida, a minha abordagem preferida, o meu estilo de narrativa de eleição.