Quando a maioria começa a acasalar e a desovar, ali pelos 30s, há um espécimen que resiste estoicamente. Os solteiros.
Felizmente, não vivemos numa comédia romântica e não somos a Bridget Jones, para encarar um jantar de casais sozinhos. Gente indiscreta que nos põe em xeque. A cena abaixo é um exagero cinematográfico para ver se o povo ganha noção.
No meu caso, a partir dos 30, deixaram de me fazer perguntas, vai que ela tem um problema qualquer. Achei ótimo. Mas nem toda a gente tem cara de poucos amigos como eu. Ou um vozeirão que é um portento, capaz de pôr meio mundo em sentido. Nem toda a gente, portanto, tem a minha sorte. E há quem sofra com perguntas indiscretas quanto à vida amorosa, a cada encontro de família. Até de amigos…
A partir de uma certa idade, os solteiros incomodam.
A princípio incomodava-me a minha condição. Felizmente, durou pouco. Ainda achei que fosse coisa só de mulheres, que apenas elas fossem o alvo da desconfiança, do incómodo. Mas, em conversa com o meu BFF, descubro que não.
Damos trabalho
As pessoas não sabem onde hão de sentar-nos nos jantares, nos casamentos, nas festas de família. Não sabem o que fazer connosco. Tentam chamar um quarto elemento, para compor, para que o solteiro não se sinta sozinho, como se qualquer um bastasse.
Vê-se muito isso nos filmes, pessoas que levam uma companhia para o Natal, uma festa, sei lá eu, a quem isso faz uma confusão tremenda porque nunca tive problemas em ir para lado algum sozinha. E quando tenho, quando não conheço as pessoas, não há gente interessante com quem falar, gente disposta, não vou, é simples.
E acima de tudo, somos livres.
Fazemos o que queremos, com quem queremos, à hora que queremos e não damos satisfações a ninguém. Também falamos com quem queremos, o tempo que nos apetecer.
No entanto, se for com o membro de um casal do nosso sexo oposto, há clima. De desconfiança por parte das mulheres, no meu caso, de encantamento e brilho nos olhos por parte dos homens com quem falo.
Porque não me coíbo. Não me encolho, não tenho medo de ninguém. E se a conversa está boa, fico. Sem me fazer a gajo nenhum, sem ter a desfaçatez de desrespeitar a mulher presente e acima de tudo a mim mesma.
O resto é problema do casal, não meu.
Parece que se acomete uma coisa dos casais que é parecida com a perda de individualidade. E de voz própria, até, às vezes. Há sempre um que se silencia. Acho bonito isso do casal, da identidade do casal. Mas antes da dupla, está o indivíduo. E não é uma posição de egoísmo, mas de sobrevivência. Porque depois parece que não sabem fazer nada sozinhos. E isso é o mais triste.
Bravo! Não estás a ver, mas o Patife está a aplaudir de pé. Ou com alguma coisa em pé. Não sei bem a esta hora. Mas qualquer evento a que vá, acontece isso. Mas, socialmente falando, o problema não é meu. ;)
:D :D :D Não, o problema não é nosso ;) Nem mesmo teu, nem mesmo teu… :p
Ah ah ah este post fez-me sorrir eu a caminho dos 33 sinto que muita gente pensa isso de mim, mas a verdade é que concordo com cada palavra que escreveu.
Estou bem assim para que complicar de forma a seguir um padrão, para mim não tem sentido, cada um é como é.
Exato. Para além de não ter sentido, ainda menos sentido faz o casal “porque sim”, porque o mundo é supostamente em dupla. Aguentem-se com a nossa liberdade. E é se querem :D
Eu, que fui solteira, casada e sou viúva, fartei-me de viajar sozinha. O marido viajava em negócios e gostava de hoteis, restaurantes e espectáculos, eu gostava de andar pelas vilas, cidades e ilhas no meio das gentes a procurar ser uma delas. Nunca estar sozinha num qualquer sítio me fez confusão! Mas nisso de solteiros sou uma má mãe! Acho que cedo ou tarde, casado ou solteiro, todo o filho tem obrigação de nos dar um neto. Tudo murcha se não houver um rebento. O sangue – seja de que cor for – é o que nos liga ao futuro, é um ingresso na História. No que respeita o lugar do único num conjunto de pares nem queiram saber o problema que isso é com viúvas e divorciadas!