Psicologia e Literatura

13/12/2021

Não conheço quem melhor combine psicologia e literatura do que o Hermann Hesse. Exímio contador de histórias, escritor, pintor, artista de mão cheia, e psicólogo.

Gostava de psicologia antes de lhe saber o nome. Adorava Hermann Hesse antes de o saber psicólogo. Falava comigo numa língua que só nós entendíamos. Como se partilhássemos a intimidade, a existência, mais ninguém me via, não tão completamente, pelo menos, quanto ele.

Por isso o nomeei meu escritor preferido.

Embora sempre tivesse gostado de histórias, a existência doía-me mais, não queria distrações, o entretenimento nunca me convenceu. Queria empatia, compaixão, cumplicidade. O Hermann Hesse aplacava um bocadinho essa dor, representava e cumpria esse papel na exata medida das minhas necessidades.

Exceção feita ao “Jogo das contas de vidro”, talvez por inicialmente incidir demasiado em matemática, li todos os livros que encontrei traduzidos em português. Contei-os no outro dia, são 27. Cada vez que ia ao King, abastecia-me na Assírio & Alvim. Hoje, depois da Difel ter sido engolida, entro naquele supermercado de livros chamado Fnac e se encontrar três são muitos.

Dizia eu que não conheço quem melhor fusione psicologia e literatura, que resumem basicamente a minha existência e o motivo pelo qual me apetece viver.

A Psicologia é o que me permite entender o mundo e a Literatura o INFP que há em mim Conhecer os nossos temas de vida e descobrir quem fala a nossa língua é dar vida à alma.

Ainda sem coragem para voltar a pegar no “Jogo das contas de vidro”, dedico-me aos autores fetiche do momento.

Ambos combinam magistralmente psicologia e literatura.

Com um viés completamente diferente do Hesse, têm o seu encanto, ambos são best sellers e um deles até já tem prémios para provar às massas o quanto é bom.

Richard Greene e Alain de Botton

Sim, voltei ao primeiro e leio compulsivamente o segundo.

Sempre fui assim, nunca, jamais poderiam faltar-me livros por desbravar. E, quando obceco com um autor, tenho sempre de ter garantidos uns exemplares por ler, para não ficar demasiado ansiosa.

O que aconteceu com Botton. Que leio como no tempo em que os verões eram intermináveis, durante horas, todas as que consigo. Depois dos dois primeiros, engolidos numa semana, e durante uma sessão de terapia, mandei vir mais três. Estou a meio do primeiro dessa leva, que tem uma capa linda e é simplesmente brilhante.

Embora tenham estilos completamente diferentes, os destes dois entre si, e o do Hermann Hesse, ambos falam comigo numa língua que apenas nós entendemos. Dizem, cada um à sua maneira, o que ainda não consigo articular, só sentir e intuir. Facilitam-me a existência neste mundo, dão-lhe o sentido que a minha alma há muito já conhece.

Botton cria histórias, como Hesse, mas a mestria com que introduz a psicologia nas mesmas não se compara. Embora, a cada página, me apaixone mais e mais por Botton. Hesse era artista, o que faz toda a diferença. Ainda que Botton seja muito original na forma como expõe as ideias na história: como terceiro elemento e  narrador omnipotente. Mais prático.

Hesse mais artístico e espiritual.

Greene narra histórias como ninguém, os exemplos da História e da Literatura, que usa para ilustrar o que quer passar, são histórias muitíssimo bem contadas, como só quem investigou profundamente o tema, e portanto se sente à vontade para tal, consegue. Sim, já fiz as pazes com ele. Depois da versão condensada das 48 leis do poder, entreguei-me de alma, coração e boa vontade a Mastery.

E não me arrependo.

De Greene, achava que já tinha consumido tudo o que havia para consumir. Mas, enquanto escrevia este texto, dei um salto ao Book Depository e afinal ainda há lá um que me acenou efusivamente, bem como um do Botton. Serão os últimos que comprarei, quer de um quer de outro. Já vi tudo e nada mais me interessa.

Literatura e Psicologia é também a minha forma de escrever. E, sempre que posso, junto-lhe poesia, que torna tudo mais mágico.

O grande objetivo é chegar à literatura e à poesia, sem que a psicologia e o existencialismo se escancarem, apenas se intuam, como uma segunda pele.

As obras destes dois autores são, na verdade e muito mais do que qualquer outra coisa, um meio de investigação e pesquisa. A pesquisa para mim tem de ser assim, criativa. Ou entedia-me de morte. Descobri-os por causa do livro que ando a escrever há ano e meio e ao qual não sabia o que fazer, mas agora já sei.

Os livros não se escrevem depressa, há outro a publicar em breve, e, só depois de esse estar devidamente encerrado, me dedicarei ao sexto. Não depende só de mim, tem o seu tempo, de maturação, de criação, de escrita, de desenvolvimento, de conclusão.

Menos mal que o Go tell the Bees that I am gone já saiu, tem 928 páginas…

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