Quando fui para o Brasil, ao fim de 2 ou 3 meses, uma amiga disse:
é impressionante como a tua escrita está diferente.
Precisamos então de nos distanciar para descobrir a nossa identidade fora dos nossos inconscientes coletivos nacionais e familiares.
Para com eles podermos fazer as pazes, reunindo-os ao resto da identidade.
Para sabermos quem somos e assim podermos permitir-nos perder o medo do ridículo e conseguir expressar emoção, vulnerabilidade.
Em vez de puras racionalizações.
As racionalizações protegem as emoções vulnerabilizam. Mas tornam-me real, humana, apaixonada, emocionada, visceral.
Sem medo da exposição, do ridículo ou da crítica.
No dia em que escrevi isto, leio, pela pena do JPC, por quem nutro o maior apreço, o seguinte:
E, já agora, a receber o imponderável, a aceitar o acaso da vida sem se refugiar no velho castelo do cinismo, do privilégio e da misantropia.
Foi em SP que escrevi quase todo o Message in a Bottle, que, ainda que com algumas racionalizações, muitas, na verdade, tem lá toda a minha alma. O meu sangue, algumas das minhas lágrimas. A fonte é inesgotável…
E muita poesia…
Depois de não escrever nada de jeito há séculos, e de aqui não parar de o fazer, embora a falta de leitura de literatura portuguesa me deixe enferrujada quanto ao vocabulário. Parece que me faltam os sinónimos todos e que só conheço 100 palavras. Agora, a tomar banho, talvez tenha descoberto o que vim aqui fazer.
Perder o medo da exposição, da vulnerabilidade.
Para assim poder soltar o verbo.
O que faltava para projetos literários futuros. Encontrado nas Terras Altas, na Escócia.
Terra de bravos e orgulhosos guerreiros.
Bem humorados e apaixonados.
A Escócia está pejada de poesia. A beleza em cada detalhe. É sempre esta que me inspira. A beleza poética.
Algo aconteceu nas Terras Altas
O corpo não mente. A cabeça é que ilude…
Talvez tenha sido isso que vim resgatar aqui. E o choro, a libertação das amarras que me prendiam ao intelecto.