
Não gosto de viajar como a grande maioria das pessoas viaja, travelling without moving não é pra mim. Não desmerecendo alguns museus, não me passaria pela cabeça não recomendar os Jerónimos só porque toda a gente lá vai, por exemplo, não sou turista, nunca fui, nunca tive muita paciência pra isso, sou viajante e como tal conhecer outro país e outra cultura é, para mim, ver como as pessoas vivem, do que falam, como são as suas rotinas, o que gostam de fazer e quais são os seus locais preferidos das cidades onde moram. O que comem, como se relacionam inter-pares, como saem à noite, e tal. Sou meio chatinha com a comida, conhecer outra cultura não passa necessariamente por desfrutar da gastronomia local, principalmente se ela envolver borrego, cordeiro, coelho, carne de cavalo e de veado. Tenho pena dos últimos e a carne dos primeiros mete-me nojo. Também não gosto de comida picante… Prefiro mil vezes ficar numa pousada do que num hotel, apesar de adorar a impessoalidade dos hotéis, como viajo sozinha, gosto do carinho e da simpatia das pessoas das pousadas. Nos hotéis a formalidade chateia-me. Viajo quase sempre sozinha e adoro. Acho que era o Mark Twain que dizia que a melhor forma de te conheceres é viajando. Não podia concordar mais. Não viajo com qualquer um, nem com os meus melhores amigos. Não basta amizade nem intimidade, tem de haver uma coisa maior do que tudo isso, respeito pelo próximo, pelo seu tempo, pelas suas vontades, pelos seus quereres, e liberdade para dizer: não vou, não me apetece, sem pressão, sem chatice, sem imposição de espécie alguma. Apesar de ter sido a viagem mais traumática da minha vida e de ter viajado de uma forma que não gostei – ainda que de in casu o melhor da viagem ter sido a companhia – nem na Índia me escapei do auto-conhecimento, mesmo que só tenha entendido muita coisa dessa experiência muitos e muitos anos depois.
Essas incompatibilidades nas viagens, férias e etc. são do caraças. Eu, que sou um animal de hábitos e dificilmente abdico deles, sigo sempre o lema do "amigo não empata amigo" e acabo por fazer muita coisa sozinha. Mas andar a fazer fretes ou a levar com os fretes dos outros, é que não.
não é bem fretes… e depois há aquela coisa do "grupo". Se escolhes viajar em grupo, não dá para simplesmente ires à tua vidinha sozinha, sempre. Sei lá, eu acho isso. E depende dos lugares, claro… E da forma como te sentes nos lugares. Há os que te transmitem mais confiança e os que te transmitem menos. E o que estás disposta a encarar e o que não estás. Na Índia, por ecemplo, é