
O que quer que seja que projetámos no outro não se cura enquanto não decidirmos encarar o touro de frente e tentarmos descobrir o que é. Na grande maioria das vezes, a fantasia é nossa e o outro, que tem lá as suas neuroses por resolver, não faz a mínima ideia do que vai na nossa cabeça, da fantasia que alimentamos e a que achamos, parece mesmo, que ele corresponde.
Nós decidimos quando nos apaixonamos e escolhemos o objeto da nossa paixão de acordo com a nossa neurose mais primária, seja ela qual for, normalmente tem a ver com a forma como experienciámos o primeiro amor, o da nossa mãe (ou de quem cuidou de nós nos primeiros dois anos da nossa vida). E auto-convencemo-nos de um monte de coisas, seduzidos pelo outro, que muitas vezes tem intenções completamente diferentes das nossas.
De nada adianta dizerem-nos: não vês que não sei quê, sai dessa, sai fora. De nada adianta ao ego querer controlar, à persona, tomada pela sombra, querer mandar o outro pra longe. Quando o nosso cérebro decide e abre caminho para o coração se expressar, não há nada, nada que o trave, ao coração, quero dizer.
Quando a coisa não é correspondida, quando acaba, porque tudo se torna evidente demais para continuar a ser ignorado, o que nos resta é tentar resolver a neurose, para que o padrão mude e para que, da próxima vez, a raiz não seja de compensação/projeção, mas sim de identificação. Sem esquecer que desejo e responsabilidade não caminham juntos, que afinidades intelectuais não sustentam relacionamento algum, que tem de haver afeto, acima de tudo.
O melhor de tudo é perceber que tentar resolver a vida do outro não nos resolve a nossa e a inversa é igualmente verdadeira. A nossa vida temos de a resolver sozinhos, com muita vontade, muita coragem e a plena consciência de que é a nós quem temos de encarar, sempre, e que não é fácil, nada, nada fácil.
Os Pet Shop Boys descrevem essa escolha na perfeição, nessa linda musiquinha aí em cima, ora oiçam…
'cê disse tudo ali nos dois últimos parágrafos. Eça é que é essa Isa ;)
grande texto… até me emocionou aqui, no nó da garganta ;)
:) beijinhos, minha querida, beijinhos… :)
(música chata, mas bons lyrics, sem dúvida)
beijinhos*
opáaaaa, não é nada chata :p :D
É só um bocadinho ;)